O presente e o futuro da tradução e da interpretação em um mundo de inteligência artificial
À medida que a inteligência artificial se insinua em praticamente todos os aspectos de nossas vidas e aproxima a ficção científica da realidade em nosso cotidiano, a interpretação simultânea não fica imune a essa revolução tecnológica.
A popularização de tradutores baseados em IA levanta a intrigante questão: as máquinas substituirão os intérpretes humanos? A resposta, como não poderia ser diferente, é mais complexa do que uma simples substituição e aponta mais para uma coexistência virtuosa.
No final, é mais provável que a adoção da inteligência artificial no segmento de tradução e interpretação, resulte em uma elevação da qualidade da própria atividade e, em última instância, a comprovação de que o papel do intérprete é fundamental pelo mais humanos dos pontos: os sentimentos e a infinita capacidade de abstração na nossa espécie.
O cenário atual da inteligência artificial na tradução e interpretação
A tradução escrita e a interpretação feitas por máquinas encontram-se em momentos diferentes. A inteligência artificial, alimentada por algoritmos avançados e redes neurais, tem alcançado incríveis marcos na tradução de idiomas. Tradutores automáticos, como os que encontramos em aplicativos e sites, oferecem traduções instantâneas e precisas para uma variedade de línguas. No entanto, a verdadeira complexidade da interpretação vai além da mera tradução de palavras.
A tradução baseada em Inteligência Artificial pode parecer incrível em um primeiro momento e, realmente é, mas em cenários complexos de tradução como a literária e a legal, a coisa é totalmente diferente. Quando falamos de interpretação, o protagonismo do intérprete fica ainda mais evidente.
A interpretação humana envolve nuances culturais, contextos específicos, expressões faciais e corporais, bem como a capacidade de se adaptar a situações imprevistas. Esses elementos, por enquanto, estão fora do alcance total da inteligência artificial. E talvez, nunca ou pelo menos não em um futuro razoavelmente próximo, sejam alcançados.
A interpretação, em muitos casos, é uma dança sutil entre palavras e emoções, um equilíbrio delicado que apenas os intérpretes humanos têm a habilidade única de manter.
A inteligência artificial como ferramenta
A inteligência artificial brilha na tradução literal e na manipulação de grandes volumes de dados linguísticos. Em situações onde a comunicação é direta e as nuances culturais são menos proeminentes, os tradutores de IA podem ser extremamente eficientes. Mas nunca sem a pós-edição de um tradutor profissional
Essa pós-edição é uma nova atividade e realidade de muitos tradutores. É a MPTE, do inglês, Machine Translation Post Edition. Esse tipo de edição proporciona aos tradutores, traduzir e revisar uma quantidade antes inimaginável de texto. É uma adaptação para os profissionais, que são apresentados a um novo paradigma, que traz mudanças fundamentais para todo o setor.
Quando olhamos para o tema do avanço da I.A. na tradução e interpretação, geralmente focamos nos pontos em que humanos e máquinas se sobrepõem, mas isso é um erro. No que realmente devemos estar focados é em todas as coisas que a I.A. e os humanos só podem fazer quando trabalham juntos, nas coisas que nenhum pode fazer sozinho.
A interpretação e sua característica inerentemente humana
Em ambientes onde as sutilezas da linguagem e a sensibilidade cultural desempenham um papel crucial, os intérpretes humanos mantêm uma vantagem absoluta. Negociações diplomáticas e empresariais, e interpretações simultâneas de eventos são exemplos de interações sociais complexas e cenários onde a compreensão humana vai além da simples tradução de palavras.
Uma modalidade em que isso fica evidente é a interpretação sussurrada, onde o intérprete sussurra, quase em tempo real, conversas e discursos que acontecem em cocktails, recepções diplomáticas, jantares executivos e reuniões comerciais.
As limitações da inteligência artificial na interpretação
As sutilezas da comunicação são um desafio imenso para a inteligência artificial. Elas são ótimas em “pegar” as intenções básicas de uma determinada fala ou texto, mas conceitos mais metafóricos tornam evidentes as limitações da tecnologia.
No caso da interpretação simultânea, a falta de compreensão de expressões idiomáticas e a entonação, degradam ainda mais a performance das máquinas.
Outro ponto vital é a pronúncia: nossa fala tem uma miríade de pequenas imperfeições que formam a fala humana. Esses detalhes deixam claro que a interpretação está sendo feita por um humano, no caso, um intérprete profissional, que usa todos esses detalhes conscientemente, a fim de passar a mensagem de uma maneira mais integral, elevando a interpretação a um nível impensável para a inteligência artificial atualmente.
O futuro da interpretação e da tradução de línguas em um mundo de inteligência artificial
A coexistência entre inteligência artificial e intérpretes humanos emerge como a narrativa mais provável para o futuro da interpretação. A IA pode assumir as tarefas mais mecânicas e rotineiras, proporcionando traduções instantâneas e eficientes.
Enquanto isso, os intérpretes humanos se concentram em aspectos mais complexos, interpretando emoções, compreendendo subtextos e navegando por nuances culturais que escapam às capacidades da inteligência artificial.
A verdadeira magia pode estar na colaboração entre esses dois mundos aparentemente opostos. À medida que a IA evolui, os intérpretes humanos podem utilizar essas ferramentas como aliados, aprimorando ainda mais a qualidade da interpretação.
Estamos, portanto, diante de uma nova era, onde a tecnologia e a habilidade humana caminham juntas na arte complexa da interpretação.
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